terça-feira, 3 de novembro de 2009

Falta pouco para a Rita nascer!

Dobrado o cabo dos oito meses, a Rita está cada vez maior e menos à vontade no ventre da bela mamã - e como está linda a Silvia, meu Deus! - pelo que vai-se mexendo menos. Mas como parece que vamos ter uma princesa rebelde, lá vai dando os seus pontapés, as suas voltas e deixando o papá e a mamã babados com o seu rebento.
Falta já pouco tempo para o nascimento e confesso-te filha que apesar de estar preparado para o que ai vem, noto uma ansiedade a crescer tão depressa como fogo em pasto seco pelo calor do Verão. Como serás tu, minha filha? Que desafios vamos encontrar perante ti, meu amor? Como vamos reagir ao teu nascimento? A mamã irá sofrer um bocadinho, isso é inevitável, mas acredita que o papá irá sofrer tanto ou mais ao ver a mamã e acredita que o parto vai ser também um bocadinho meu.
Quero ter coragem meu amor de ver o teu nascimento, mas como digo recorrentemente, pelo sim pelo não irei pedir uma cadeira ou um colchãozinho, pois se cair pelo menos não me aleijo... Não faço a mais pequena ideia de qual será a minha reacção ao te receber nos meus braços e não vou aqui armar-me em forte e imperturbável, se quando brinco contigo, na solidão da noite com a tua mamã a dormir, as lágrimas correm cara abaixo. Sei apenas uma coisa: amo-te mais do que alguma vez poderia pensar que se ama um ser e juntamente com a tua mamã, são os meus únicos bens neste mundo cinzento, mau e agreste em que vivemos.
Por vezes sinto-me mal em te trazer a este mundo, mas, meu Deus! que alegria é sentir que algo nosso, sangue do nosso sangue e ainda por cima feito em parceria com a mulher que amo, vai dar cor e alegria à nossa vida. Sei que quando chegares todas as tristezas, preocupações e ansiedades vão desaparecer até ao momento em que tudo voltar à normalidade. Mas como alguém disse um dia, "enquanto o pau vai e vem, folgam as costas" e por isso meu amor, a ansiedade é já muita.
Quero deixar-te aqui uma novidade meu amor: a mamã reencontrou os padrinhos dela que tanto ama e posso dizer-te que ganhaste um par extra de avós. O avô Conchinha e a avó Laurentina - marcados pela imensa e trucidante dor de perder dois filhos na flor da juventude - amam a mamã de uma forma tão intensa que tu serás a neta que infelizmente nunca puderam ter.
Como vês meu amor, a tua chegada começa a mexer com tudo e com todos. A avó Adelina não cabe em si de contente com a tua chegada e tem sido um corropio nas compras. A avó Conceição, triste por não poder dançar o compasso das ofertas (como se isso fosse o mais importante!), mas cheia de amor para te dar, anda ansiosa que tu chegues.
Sabes meu amor, tantas são as pessoas fora da família que gostam dos papás que não têm hesitado em nos ajudar e a ti minha flor, nada vai faltar. Até os tios emprestados andam ansiosos com a tua chegada meu amor.
Falta pouco tempo e eu e a tua mamã estamos prontos para te receber meu amor. Mas confesso aqui que vou ter muitas saudades das nossas brincadeiras à noite. Lembras-te das cócegas que te faço e como respondes dando pontapés, perdão, fazendo festas ou esticando as tuas perninhas de encontro à mão ou à cara do papá? Lembras-te de como falei contigo tempo esquecido? Escrevo-te isto e as lágrimas, teimosas, não param de me encher os olhos e apesar da minha luta, uma ou outra consegue escapar cara abaixo desaguando na mesa de trabalho. É verdadeiramente inexplicável o amor que sinto por ti e pela tua mamã. Já o disse e volto a dizer-te filha, a tua mamã está LINDA! Que saudades vou ter de a ver assim...
Infelizmente meu amor, a vida não vai permitir que tenhamos nova situação de felicidade, leia-se, oferecer-te um irmão ou irmã, pois as coisas continuam muito dificeis. Pouco a pouco e com a ajuda do tio Nuno e do tio Tito (com as tias Sara e Paula, respectivamente, a torcerem por fora) temos vindo a equilibrar a nau que é a vida em comum do papá com a mamã. Mas não te preocupes, moveremos terra e céu para que nada te falte meu amor.
Criei este espaço para ti Rita, para te deixar as minhas memórias, os meus desabafos e para que no futuro possas compreender como foi este momento solene da nossa vida. Tu és agora o centro da nossa vida e por ti escrevi neste espaço. Está próximo o teu nascimento e porque quero continuar a escrever-te, depois de nasceres continuarei aqui a deixar-te um legado de conhecimento e de paixão por um ser que é "sangue do meu sangue, carne da minha carne!"
Amo-te filha!